21 novembro 2007

The Mist

Mas que raio aconteceu com o mundo do terror? Durante anos, houve duas coisas que se poderia esperar para um bom filme de terror: ter sido produzido nos estúdios da Dimension Films, e escrito por Stephen King. Mas agora, por duas vezes este ano, Stephen King é falado em conversas de café como o Master of Horror, pelas suas histórias transformadas em filme com a cortesia da Dimension Films, e não só são bons filmes, como também estão entre os melhores do ano. The Mist é o 2º filme (após a profundidade agradável de 1408), e pode muito bem ser a melhor e maior ampla distribuição de “horror films of the year”.

Foi um pouco estranho tentar perceber que mudanças Frank Darabont faria com o argumento de origem. Embora o filme Shawshank Redemption (um dos filmes que tive a delicia de ver depois de ter lido o livro já em tempos idos ) tenha tido uma abordagem ao argumento literário bastante estreita, pelo menos a nível de histórias, o filme não foi muito inspirador, ao que até me deixou um pouco desiludido com o Frank Darabont. Por outro lado, The Green Mile, era quase mecanicamente fiel ao material de origem, ao ponto em que o filme parecia um pouco frio, tal como a alusão que se tem ao ler o livro. Portanto, eu estou feliz ao descobrir que, mais uma vez, permaneceu fiel, e que realmente melhorou na maneira de mostrar a história. As personagens são dadas mais a ver de modo a entendê-las, por exemplo na visita à farmácia (algo que leva menos de 5 páginas num livro com um total de 120) é agora uma das principais peças para essa compreensão, e mais significativamente existe agora uma nova abordagem psicológica ao carácter de cada personagem. Não vou estragar essa surpresa, mas deve ser bastante interessante ver como as pessoas reagem a ele. Eu já gostava do livro, e agora ele deu a filmar uma moralidade que faltava ao argumento original. Além disso, o Mist's "backstory", só insinuada no romance, é um pouco mais definida aqui, mas é ainda apenas um factor. Muito como a série Lost é sobre o povo, mas não uma mágica ilha, a névoa não é a força motriz do filme, e assim não gasta tempo precioso na tela a explicar, pois seria inútil.

A única verdadeira omissão na história foi uma breve cena de sexo entre o personagem principal e uma das mulheres que se encontra no supermercado. Foi uma absurda fase dessas personagens no segmento do livro, e Darabont foi sábio ao removê-lo. Ele não quer apenas tornar o herói (desempenhado por Tom Jane), como sendo um totó, como também mantém o ritmo do filme em cheque, em vez de parar a frio, mostrando que tem uma opinião sobre esta personagem e explicar que não é suposto deixar o seu filho por um tempo, para trair a sua mulher que por acaso até é a gerente do supermercado onde se desenrola a acção, para ir dar uma queca com uma cliente do supermecado que anda ali pelo meio.

Num nível técnico o filme é impressionou-me bem. Mas nem tudo é perfeito no foco, a câmara faz zooms e whips disparatados em torno de uma acção ao invés de uma coisa mais cuidadosamente faseada em vários ângulos. Darabont reforça a tensão, como é óbvio, mas também trabalha desta forma mais parva para ajudar a vender os seus efeitos visuais. Embora as coisas se sentem mais reais (como um gigante tentacle slithering a surgir de uma porta) torna-se muito mais eficaz para um susto.

Como esperado, Darabont recebe todos os seus actores com quem costuma trabalhar (embora Jane tenha o seu início em cenas finais), e é bom ver Bill Sadler, Jeffrey DeMunn, Brian Libby juntos novamente, e ainda por cima num filme de terror.

Gostaria também de salientar a música. Não existe qualquer musica... pelo menos, não até o final (que eu observei atentamente e mesmo assim, se houver qualquer sonoridade antes ou depois foi rápida e tão discreta que nem pareceu existir). Quando se ouviu, foi fora de contexto, algumas cenas podem sentir a falta de algum som ambiente, mas o filme como um todo beneficia enormemente a partir desse ambiente

Só espero que este filme seja um êxito de bilheteria.
Por mais que demore a ser um verdadeiro talento e ter esforço para se fazer um filme inteligente, fora daquilo que é essencialmente um monstro gigante na cinematografia de terror. Darabont facilmente provou que a história não tem de ser definida como se a acção se estivesse a desenrolar como numa prisão, a fim de a tornar verdadeiramente numa maravilhosa adaptação de Stephen King , e devemos recompensar-lhe pelo seu árduo trabalho. Se 1408 conseguiu levar 80 milhões ao cinema a meio do verão, não há nenhuma razão no mundo porque é que este não se pode ultrapassar os 100 milhões! Ainda por cima nesta altura em que não há concorrência quase nenhuma para este género de terror.
Não vai querer ver o melhor filme de terror do ano em DVD pois não??

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