Esta "sinfonia do horror" levada ao cinema pela mão de Murnau em 1922, adaptada ainda que não oficialmente da obra de Bram Stoker é ainda hoje capaz de cativar o espectador, anos e anos após a sua produção, mesmo depois de o cinema ter adquirido uma nova linguagem (com o advento do sonoro). Claro que o grande público hoje em dia nunca poderia abraçar esta obra do cinema mudo, pois a sua constante evolução (positiva ou negativa, mas isso é outra conversa) afasta-o claramente deste tipo de cinema. Mas aqueles que tiverem a oportunidade de ver a obra, muito dificilmente lhe irão ficar indiferentes.Nunca descurando a vertente carnal que 
sempre esteve associada à criação do Drácula, este é um filme que pode ser visto de várias perspectivas. Se quisermos, apenas temos uma história de horror, bem sinistra, sobre uma figura monstruosa que pretende espalhar o medo por onde quer que passe, e sobre um homem que tudo quer fazer para salvar a mulher que ama. Mas por outro lado podemos encarar esta obra como uma metáfora sobre o desejo, sobre a necessidade quase animalesca das relações carnais. Que o ser que tudo faz para conseguir isso seja apresentado como um monstro torna ainda mais curiosa e complexa essa abordagem.A grande arma do cinema mudo em comparação com o actual era a necessidade de ser visual, e portanto cada plano era elaborado pormenorizadamente da forma mais adequada a contar a história, mas também a conter o máximo de informação possível. E nesse aspecto Nosferatu é também extraordinário, com planos carregados de significado, perfeitamente estruturados e iluminados, com actores caracterizados e expressivamente perfeitos - não sendo de admirar, portanto, o mito que se desenvolveu em torno de Max Schreck, o actor que aqui protagonizou o Conde Orlok e cuja história é retratada no filme A Sombra do Vampiro.Um filme incontornável dos primeiros anos do cinema, capaz de fascinar e empolgar como muitos filmes hoje em dia não conseguem, feito por alguém que dominava na perfeição a arte a que se dedicou. Pelo distanciamento tão grande que me separa do contexto da época, opto por não dar qualquer classificação ao filme, mas aqueles que leram até aqui já perceberem que sou fã.Olhem só o que eu descobri, para meu próprio deleite:
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