09 julho 2007

The Nightmare Before Christmas


De Henry Selick, argumento de Tim Burton e Michael McDowell, com vozes de Danny Elfman, Chris Sarandon, Catherine O'Hara, William Hickey

Sou suspeito para fazer qualquer tipo de comentário a esta obra de Tim Burton. Não só por ser um fã incondicional da personagem principal deste filme (Jack Skellington), como também por ser um eterno enamorado pela Sally. Farei um esforço para tentar não dizer que este filme é, sem dúvida, um dos melhores filmes de sempre… Lembro-me da 1ª vez em que o vi. A estreia em Portugal foi a 24 de Dezembro de 1994 na RTP2. Eu, pequenino, depois de abrir os presentes, deito-me na minha cama e começo a ver, deliberadamente, este filme. Passados 12 anos, sinto o mesmo, como se regressasse áquela noite. É essa sensação fantástica que me faz sorrir e sonhar sempre que revejo este filme.
Tendo como base a época natalícia, The Nightmare Before Christmas poderia parecer mais um mero filme de animação convencional, mas esta ideia, precipitada(esteriotipada), desvanece logo no primeiro instante em que o filme começa. A história tem como pano de fundo uma cidade chamada Halloween, onde tudo é tenebroso: criaturas do mais grotesco possível, ambiente do mais nocturno e assustador alguma vez visto num filme de animação. Nessa cidade, onde o terror habita, destaca-se, entre as criaturas que lá vivem, Jack, o mais adorado por todos nessa cidade, devido à sua enorme fama de criatura que provoca o medo por onde quer que passe. Mas, o que muitos poderiam pensar de Jack, está completamente errado, pois Jack, por detrás da criatura monstruosa que aparenta ser, oculta um lado bom, afectivo, e repleto de boas intenções.No final de mais um halloween na cidade Halloween (passo a redundância), Jack sente-se só e infeliz. É então que por acaso encontra um lugar nunca antes visto pelos seus olhos. Essa cidade é a cidade do Natal, onde tudo é belo e a felicidade está presente. Pela primeira vez, Jack sente uma alegria súbita, quase inexplicável. É nesse momento, que lhe surge uma ideia: porque não fazer de Halloween uma cidade igual aquela que vira. Mas o que ao princípio parecia ser uma ideia perfeita, vai-se lentamente transformando num completo desastre... Apesar de ser, por si só, uma premissa interessante para um filme de animação, não é nada comparado com o resultado final. Pois logo no primeiro instante deparamo-nos com uma qualidade de animação poucas vezes vista. O ambiente criado por Henry Selick, mas que sem dúvida é a cara de Tim Burton, é assombrosamente fantástico. Em cada cena somos confrontados com qualquer coisa de deslumbrante, em cada imagem um mundo novo...Diálogos bem estruturados, aliados a uma narrativa bem construída e animada, são uma constante em The Nightmare Before Christmas.É certo que a imagem é um instrumento fundamental para esta obra, porém não seria a mesma sem a brilhante banda sonora que ostenta. A música está sempre presente e acompanha o enredo como se de uma personagem se tratasse. Musicas com Letras bem escritas e perfeitamente enquadradas na acção, são, ao contrário de muitos outros filmes (animação ou não), uma parte fundamental do sucesso deste filme. A música nunca chega a constituir uma quebra no desenvolvimento da obra, muito pelo contrário, é mesmo imprescindível para a harmonia de toda a ambiência, tornando-o um misto de animação, suspense, romance com um cheirinho a musical.Como é evidente, aqui, não podemos falar de actores de carne e osso, quanto muito podíamos referir as vozes, que, por sinal, estão bastante bem. Mas quem necessita de actores quando temos um leque de personagens bem pensadas psicologicamente e com um nível de concepção técnico tão rico em pormenores que as tornas incrívelmente credíveis.Com este The Nightmare Before Christmas o cinema de animação nunca mais foi o mesmo e nunca mais será. A fasquia que esta espantosa obra elevou, conduziu a que já tenhamos assistido, ao longo desta última década, a outros brilhantes filmes de animação. Por tudo isto e muito mais, The Nightmare Before Christmas é, sem dúvida, um dos mais importantes marcos nessa indústria tão resplandecente que dá pelo nome de animação cinematográfica.

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